Resultados da pesquisa sobre Trabalho Remoto
e perspectivas de retorno ao presencial na UFFS
O
SINDTAE realizou uma pesquisa com a categoria dos técnicos
administrativos em educação da UFFS, através de publicização de
convite para preenchimento de formulário eletrônico disponível na
plataforma Google Formulários, entre as datas de 06 a 10 de julho de
2020. Essa consulta se deu com o objetivo de levantar dados que
permitam ao SINDTAE uma avaliação sobre as condições e os
impactos do Trabalho Remoto para a categoria, e a percepção sobre
medidas que devem ser implantadas em caso de execução de atividades
presenciais durante a pandemia.
O
questionário apresentado foi composto por um total de 13 questões,
sendo que 6 foram questões de múltipla escolha e 7 questões
abertas. Entre as questões abertas, haviam aquelas que buscaram
conhecer um pouco mais sobre a identificação do servidor, como
cargo e setor, além de um campo para que fosse possível informar,
caso desejasse, seu nome do respondente. Contudo, para fins de
divulgação dos resultados, optou-se por preservar a identidade dos
servidores.
Como
resultado, foram recebidas 191 respostas ao formulário, o que
consideramos muito relevante, principalmente ao considerarmos o fato
histórico de que o SINDTAE solicitou por diversas vezes à gestão
da UFFS que disponibilizasse uma lista com os e-mails dos TAEs para
melhorar a comunicação entre a entidade e a categoria. Apesar dos
ofícios protocolados com esse pedido, e mesmo dos contatos pessoais
em que tivemos oportunidade de reforçar o pedido e explicar as
razões da demanda, ainda assim o SINDTAE nunca teve retorno a essa
solicitação. Mas, é interessante mencionar que para a entidade
co-irmã SINDUFFS, que representa os docentes, bastou fazer a
solicitação por e-mail simples, e foram atendidos no pleito de a
administração enviar a listagem com o contato de todos os docentes
da UFFS. Há quem defenda que somos tratados isonomicamente enquanto
servidores da instituição, porém os fatos e ações da
administração continuamente demonstram uma realidade bem diversa, e
a categoria tem plena consciência disso.
Feito
essa ressalva, apresentaremos a seguir uma sistematização das
respostas que se demonstraram como de maior destaque, portanto fazem
referência aos pontos que a categoria entende como mais relevantes a
serem observados na atual conjuntura, e como condicionantes para um
futuro retorno às atividades presenciais.
1. Perfil
dos respondentes
É
importante ressaltar que, do universo de respondentes, há
representação de todas as unidades da UFFS, conforme é possível
observar no Gráfico 1. Embora não sendo obrigatória a informação
acerca de cargo e lotação, aqueles que responderam esses campos do
formulário indicam também a uma importante diversidade de
representação dos mais variados tipos de atividades desenvolvidas
na instituição, sejam das áreas meio ou das áreas fim da
universidade. Essa diversidade permite um olhar mais abrangente
acerca da leitura que os TAEs realizam sobre sua conjuntura,
demonstrativa de como é possível identificar situações coletivas
a partir da realidade dos indivíduos.
Gráfico
1 - Respondentes por campus/unidade
A pesquisa indicou que cerca de um terço dos respondentes (32,46%) utilizavam meios de transporte que envolviam coletividade para se deslocar ao trabalho. Embora não se constitua da realidade da maioria, nessas modalidades de transporte esse percentual é significativo da probabilidade de risco de contágio para os TAEs e demais pessoas que porventura compartilhem os veículos e que não são servidores da UFFS.
Gráfico
2 - Modalidades de transporte
Outro fator muito importante no que concerne a riscos de contágio é o que está relacionado ao momento das refeições, uma vez que pode envolver interações sociais. Os percentuais demonstram que 70,68% dos TAEs realizavam suas refeições em espaços compartilhados, seja eles na copa da universidade, nas cantinas, nos restaurantes externos ou nos restaurantes universitários da UFFS.
Por
conseguinte, compreendendo que o local de refeição dos servidores
TAEs é, para a maioria, um local compartilhado, para o retorno das
atividades presenciais e enquanto houver nível de contágio,
torna-se imprescindível que a gestão da universidade garanta
condições de maior segurança possível, sem as quais se incorre em
risco desnecessário à saúde das pessoas.
Gráfico
3 - Realização de refeições
O indicativo de número de moradores por residência demonstra que haveria alta incidência de contatos cruzados a partir de um retorno às atividades presenciais, mesmo que na forma de revezamento. Do total de respondentes, apenas 15,2% informou que moram sozinhos. Nota-se o quanto a presencialidade dos TAEs impactariam em um grande número de pessoas sob risco de contágio, por maiores e qualificadas que fossem as medidas sanitárias adotadas.
Gráfico
4 - Residentes por moradia
Atualmente, diante da necessária e imprescindível implementação do Trabalho Remoto para atividades administrativas, a categoria se encontra diante de uma nova e desafiadora conjuntura para desempenhar suas atribuições. Considerando a reconhecida complexidade dessas atividades, o SINDTAE optou por consultar a categoria de forma mais objetiva acerca das condições de estrutura para o trabalho remoto, buscando verificar quais fatores se demonstram como de maior impacto na qualidade do desempenho das atividades.
2. Trabalho
remoto dos TAEs
O
questionário aplicado conteve uma questão que buscou conhecer qual
(ou quais) fator/es tinha/m maior/es impacto/s na qualidade do
desempenho das atividades. A essa questão, foram apresentadas
diversas alternativas de respostas, a fim de que os respondentes
pudessem indicar aquela, ou aquelas, que mais estivessem de acordo
com suas realidades.
Entre
as respostas mais recorrentes, relatavam questões de infraestrutura,
como aquelas ligadas à “Ergonomia (mobiliários como mesa e
cadeira não adequados)”, a equipamentos de trabalho, como
“Computador/notebook antigo que prejudica o desenvolvimento das
atividades” ou à falta de equipamento “não ter
computador/notebook”. Ressalta-se que a respeito destas questões,
a própria UFFS já tem dado conta através da possibilidade de os
servidores retirarem os equipamentos do setor e os transferirem para
suas residências. Demais pontos relativos à infraestrutura, tais
como acesso à internet e aos sistemas se demonstram elegíveis para
serem resolvidos de forma institucionalizada.
Apesar
da indicação de problemas para o desenvolvimento do Trabalho
Remoto, há de se fazer uma fundamental ressalva nesse quesito, as
atividades administrativas continuam sendo desenvolvidas de forma
qualificada. Dessa forma, se constituiu uma realidade que demonstra
ser possível manter a modalidade de Trabalho Remoto por um tempo
estendido, contribuindo assim para diminuir chances de contágio.
Gráfico
5 - Fator(es) de maior impacto na qualidade do desempenho das
atividades:
Alguns fatores tais como “Necessidade de dar atenção às demais pessoas do convívio familiar (principalmente crianças)” e “Espaço físico (sala ou quartos que não eram destinados para o trabalho, com circulação de pessoas da família, por exemplo)”, apesar de se constituírem de categorias que extrapolam uma ação direta da instituição, em alguma medida poderiam ser enfrentadas a partir de capacitações/orientações que abordassem formas de organização diante dessas situações.
Entre
as questões abertas, recebemos diversas questões importantes, as
quais encontram-se sistematizadas a seguir.
Implementação
do uso de aplicativo Softphone,
o qual permite a utilização da rede telefônica da universidade,
permitindo receber e fazer ligações internas e externas através
dos ramais dos setores.
Levantamento
e disponibilização de acessórios adequados, tais como fones de
ouvido com microfones de qualidade.
Novas
capacitações para utilização de sistemas, tais como utilização
de serviços de webconferências e principalmente o SIPAC;
Normatização
e publicização das possibilidades e trâmites de retirada da
instituição dos equipamentos para utilização nas residências.
Capacitações
para chefias e servidores sobre gerenciamento do tempo e das
atividades, de modo a evitar prolongamento do tempo de trabalho para
além da jornada regular. Há de se buscar também um
dimensionamento de prazos de execução de tarefas, o qual considere
também condições tais como destinação de tempo para cuidados de
filhos, e que não incidam em necessidade trabalhos em finais de
semana, por exemplo.
Além do que foi destacado até o momento, é fundamental que os TAEs contribuam na tomada de decisão sobre futuros encaminhamentos acerca do Trabalho Remoto. Para tanto, é importante tomar como ponto de partida, uma avaliação adequada acerca das condições de trabalho e das contribuições descritas neste documento.
Antes de qualquer abordagem em torno das condições materiais e atitudinais necessárias para um retorno seguro às atividades administrativas presenciais, cabe avaliação acerca de qual seria a necessidade de retomar atividades presenciais dos TAEs sem que as aulas também tenham sido retomadas.
Nesse
escopo, podemos afirmar que dos respondentes da pesquisa, 79,58%
(152 respostas) entendem que não existe nenhuma necessidade de
retorno dos TAEs, enquanto não forem retomadas as aulas presenciais.
Os demais, 14,14% (27 respostas), indicaram que o retorno é de baixa
necessidade, restringida àquelas atividades essenciais e que sejam
realizadas de forma pontual, tais como as relativas à manutenção
de pesquisas nos laboratórios ou recebimento de materiais.
Diante
de tais dados, grifamos que é possível afirmar que a categoria dos
TAEs reforça a baixa ou nenhuma necessidade de retorno às
atividades administrativas, enquanto as aulas presenciais estejam
suspensas e enquanto houver risco de contágio, mesmo que em nível
baixíssimo.
3. Condicionantes
para um retorno seguro às atividades presenciais
Uma vez que existe a possibilidade de um retorno das aulas presenciais sem que exista vacina ou tratamentos disponíveis para o enfrentamento da Covid-19, fatos que indicam substancial risco à saúde dos servidores e das pessoas com os quais eles têm contato, perguntamos aos TAEs quais medidas materiais e atitudinais eles avaliavam como sendo necessárias que fossem disponibilizadas aos setores, com base nas orientações sanitárias para o período de pandemia.
Das
medidas MATERIAIS necessárias, relacionamos a seguir aquelas que
demonstraram serem mais recorrentes em menções e relevantes no
cômputo das respostas. Depreende-se que a categoria está consciente
do quão fundamental é a sua implementação para garantia da mínima
segurança sanitária no âmbito da instituição.
Disponibilização
de insumos como: álcool 70% de diversos tipos (em gel, em spray e
líquido); sabonete líquido, máscaras; luvas descartáveis, panos
descartáveis de limpeza, escudos de rosto (face shields), dentre
outros Equipamentos de Proteção Individual indicados para uso no
enfrentamento à pandemia;
Providenciar
testes para serem realizados a quem apresentar sintomas na
universidade;
Aquisição
de medidores de temperatura para uso na entrada dos espaços
físicos;
Promover
a ventilação natural nas áreas de trabalho, com consequente
autorização para uso de equipamentos que substituem o sistema de
ar condicionado, tais como ventiladores e aquecedores.
Restrição
de uso dos elevadores apenas para casos de acessibilidade a
portadores de necessidades especiais.
Estabelecimento
de protocolos de higienização de materiais e ambientes de uso
comuns, com os respectivos recursos para sua implementação.
Instalação
de divisórias de acrílico transparente (como nos supermercados),
que permitam comunicação fluida (visual e sonora) entre os
servidores do setor ou no atendimento ao público.
Reorganização
dos espaços de trabalho de modo a garantir o distanciamento mínimo
de 2 metros entre os servidores.
Instalação
de sinalização com medidores de distância em espaços de
atendimento.
Disponibilização
de espaço físico e bolsas ou sacos plásticos com lacre para
acondicionamento para submeter a um período de quarentena todos os
livros e demais materiais que tenham sido utilizados e devolvidos.
Higienização
constante dos espaços físicos e materiais de uso comum.
Reorganização
dos espaços de atendimento ao público, tais como retirada de
espaços para espera e/ou atendimentos concomitantes, equipamentos
de higienização e medição de temperatura, e demais insumos. Para
o atendimento direto, especialmente quando privativo, precisará ser
em sala ampla e ventilada, que permita ao mesmo tempo sigilo
(acústica) e distanciamento.
Colocação
de tapete higienizante na entrada dos edifícios.
É pertinente observarmos que esse roll de condições materiais está mais voltado para a realidade das atividades desenvolvidas pelos TAEs da UFFS. Nesse ponto, é imprescindível que também sejam fornecidas condições materiais para as categorias de estudantes, docentes e terceirizados, conforme as características de suas atividades. Sem serem cobertas todas as circunstâncias e probabilidades é exponencial o risco permanente de contaminação.
Consoante
ao atendimento material para um retorno seguro às atividades
presenciais, se faz necessário o estabelecimento de protocolos que
contemplem as condições ATITUDINAIS que garantam a diminuição do
risco de contaminação. Essa complementação fica muito clara
principalmente nas situações em que não existem maneiras de
promover as devidas condições materiais, tais como a questão de
distanciamento entre servidores no mesmo setor. Uma vez que os
espaços não comportem a adequação física, há de se configurar
ajustes, tais como estabelecimento de escalas de revezamento, por
exemplo, e outras medidas como as elencadas abaixo.
Servidores
que se enquadrem em grupos de risco ou que residam com familiares
desses grupos devem continuar afastados das atividades presenciais;
Servidores
que tenham de cuidar de crianças em idade escolar devem ser
priorizados para continuarem em trabalho remoto até o retorno das
aulas nas redes de ensino da educação básica;
Utilização
de testes rápidos para verificar situação de pessoas que
manifestem sintomas relacionados à Covid-19;
Implantação
de sistema de rastreabilidade de contatos, de modo a garantir que
sejam identificadas e colocadas em quarentena todas as pessoas que
possam ter entrado em contato com quem tiver sido contaminado;
Continuidade
do registro de ponto apensa por meio do computador, com a interdição
dos aparelhos de registro físico;
Organização
de relatório com levantamento das atividades dos setores que
efetivamente demanda a presença presencial de servidores para seu
atendimento. As demais devem ser prioritariamente desenvolvidas
remotamente;
Estabelecimento
de escalas com revezamento, não sendo indicado que servidores
diferentes ocupem os setores nos mesmos dias. Preferencialmente
sempre que possível sugere-se o modelo 1 semana x 2 (ou mais)
semanas. Ou seja, o servidor desempenharia suas atividades
presencialmente durante uma semana, de preferência sozinho ou com o
mínimo de pessoas possível no setor, e outras duas remotamente.
Dessa forma os servidores também estariam inseridos em períodos de
quarentena constante, de modo a diminuir possibilidades de
transmissão. Outra possibilidade é indicar um dia da semana para
cada servidor nos setores em que há mais pessoas;
Concomitante
ao revezamento implementar que ele seja realizado em turnos
contínuos de no máximo 6 horas - sem necessidade de compensação
posterior das horas restantes, de modo a diminuir a necessidade de
utilização de espaços comuns para refeições;
Manter
espaço de trabalho com distanciamento suficiente para que não seja
necessário ficar com máscaras o tempo todo, uma vez que não é
saudável permanecer por muito tempo respirando dentro da máscara,
assim só utiliza-se quando atender alguém, para se deslocar
internamente, etc;
Flexibilização
dos horários de entradas e saídas dos turnos, de modo a permitir
que os servidores que utilizem transporte público possam fazê-lo
em horários com menor número de pessoas, bem como diminuição de
fluxos de pessoas ao mesmo tempo nas dependências da universidade;
Implantação
de protocolos para atendimento ao público, tais como formas de
agendamento para receber uma pessoa por vez, disponibilização de
máscaras aos usuários que porventura não estejam utilizando e a
negativa de atendimento na insistência do não uso, quantidade
máxima de usuários na biblioteca, formas de controle para respeito
das normas dispostas nos protocolos, e demais pontos que devem ser
constituídos com a participação da categoria;
Estabelecimento
de protocolos e formas de cumprimento de normas de comportamento
sanitário, tais como uso contínuo e obrigatório de máscaras,
higienização das mãos e dos espaços de trabalho, não tocar em
equipamentos e local de trabalho dos colegas, manutenção da
ventilação dos locais, dentre outros;
Instituir
normas que restrinjam os locais e número de pessoas participantes
de reuniões;
Organizar
publicação de editais que gerem aumento da necessidade de
atendimento presencial para que os mesmos não ocorram ao mesmo
tempo, pois experiências anteriores demonstram que ocorreu choque
de 6 editais, gerando uma enorme aglomeração no setor;
Ampla
e constante divulgação dos protocolos estabelecidos e da
obrigatoriedade de sua aplicação.
Não há dúvidas que uma possibilidade de retomada das atividades administrativas de forma presencial incide em uma diversidade de condições que devem ser atendidas. As sugestões apresentadas pela categoria nesta pesquisa não eximem a responsabilidade daqueles que estão atualmente na administração, inclusive por estarem exercendo tais cargos a despeito da vontade e legítimo respaldo da comunidade acadêmica que se manifestou por mais de uma ocasião ter escolhido outro projeto de gestão para a universidade.
4. Análise
qualitativa das contribuições abertas
Para
finalizar a pesquisa, foi disponibilizada uma questão aberta ao fim
do instrumento aplicado, a fim de que os participantes pudessem
expressar seus comentários sobre a pandemia em geral, seus efeitos
na atuação dos TAEs e para que pudessem realizar sugestões acerca
de possíveis ações de enfrentamento da atual conjuntura na UFFS.
Os
dados coletados do questionário aberto demonstram forte insistência
de que é possível realizar a maioria das atividades de trabalho de
forma remota ou com presença reduzida no local de trabalho. Em que
pese a maior adequação do trabalho presencial para alguns fluxos e
processos administrativos, as situações podem ser contornadas
emergencialmente, mesmo na falta de condições ideais de trabalho
remoto. Deve-se, contudo investir em processos que aprimorem a
execução remota, pois não há indicativos de curto prazo de volta
ao trabalho nos moldes anteriores à pandemia. Além disso, o
histórico institucional de privilegiar os atendimentos presenciais
prejudicam a execução no modo atual. A não adoção de
distanciamento social mais rígido pela sociedade aponta que o
prejuízo nas atividades, inicialmente esperado para poucos meses,
tende a se estender e tornar cada vez mais difícil a manutenção de
experimentos e outras atividades que demandam presença regular
constante. A manutenção da suspensão de aulas propicia a execução
dos procedimentos presenciais com maior segurança.
O
retorno às atividades presenciais de trabalho, por falta de
segurança, não deve ser realizados de maneira uniforme. A
instituição deve manter-se vigilante quanto à minimização de
situações que provoquem riscos de contaminação. Deve-se
previamente estabelecer protocolos próprios e institucionalizados
que orientem as atividades, onde constem nas situações possíveis o
revezamento de servidores, manutenção do isolamento de pessoas que
compõe grupos de risco, previsão de trabalho remoto para servidores
que acompanham dependentes ou pessoas componentes dos grupos de
risco, fornecimento pela instituição dos EPIs para prevenção de
contágio, disponibilização das mesmas condições para os
trabalhadores terceirizados e disponibilização de infraestrutura
para trabalho remoto (mobiliário, equipamentos eletrônicos e
internet com acesso aos sistemas).
Na
medida do possível, deve-se ainda estabelecer um cronograma de
referência contendo as etapas de retomada dos trabalhos presenciais
e uma previsão de intervalo temporal entre essas etapas. A simples
indefinição quanto ao retorno ou manutenção do trabalho remoto é
apontado como fator de ansiedade e instabilidade no planejamento da
execução do próprio trabalho. Para balizar as decisões sobre o
retorno às atividades presenciais deve-se manter presente o fato de
que as atividades completas da UFFS significam impacto considerável
nos índices de isolamento social, provocam aglomerações também
fora das estruturas físicas da universidade (como transporte
público, por exemplo). A decisão do momento adequado para retomada
das aulas presenciais deve considerar o impacto nas cidades e não
somente na universidade. Partindo do mesmo princípio, o risco não
pode ser particularizado, pois o risco aos TAEs não se limita ao
controle dos mesmos. Ser submetido à grande circulação de
estudantes não testados constitui-se por si só em risco de
contágio.
4.1
Efeitos do Trabalho Remoto
Os
servidores participantes da pesquisa descreveram uma série de
preocupações sobre o modo como o trabalho remoto tem sido
realizado. Sempre ressalvando que a situação enfrentada por todos é
fruto de uma emergência, portanto sem planejamento prévio, faz-se
necessário que a gestão da UFFS entenda o momento atual, menos como
transitório e mais como uma nova realidade, para assim incidir sobre
os problemas imediatamente encontrados. Destacamos que neste trabalho
remoto emergencial, nem sempre os recursos tecnológicos são bons
substitutos para os contatos antes realizados pelas vias
institucionais (ramal telefônico, por exemplo). As consequências do
trabalho remoto adotado sem planejamento incluem sobrecarga de
trabalho, diminuição da tolerância ao tempo de resposta, demandas
fora de expediente e excesso de reuniões e eventos online.
As chefias não têm atuado sob padrão institucional. Servidores
relatam, por exemplo, exigência de apresentação de relatórios
diários sobre as atividades realizadas, o que prejudica o
desenvolvimento das próprias atividades, além da óbvia sensação
de vigilância e pressão. Por também encontrarem dificuldades na
relação a distância ou por negligência, há vários relatos que
atribuem às chefias a insensibilidade quanto às condições de cada
trabalhador na execução das atividades. Há uma preocupação muito
clara quanto à atuação dos gestores (a nível local e federal) que
deve pautar-se pela reprodução das práticas orientadas pelos
organismos científicos de saúde, preservando a comunidade
universitária de riscos desnecessários, seja nas atividades
presenciais, seja na adoção de práticas indevidas com
justificativa de controle sobre o trabalho remoto. Dentre as
situações particulares relatadas, a mais comum é a da necessidade
de cuidar de crianças e idosos, sem possibilidade de formar uma rede
de apoio, pela distância ou pelo risco imposto pela própria
pandemia. A adoção de um padrão institucional e o correto
acompanhamento pelas chefias é fundamental para viabilizar o
trabalho remoto bem feito.
A
pandemia do novo coronavírus tem efeitos permanentes na organização
do trabalho e suas relações. A instituição precisa rapidamente
incorporar nos seus processos, práticas que permanecerão em sua
organização. Pontualmente, pode-se exemplificar que há setores da
UFFS em que os TAEs tem postos de trabalho que não respeitam o
distanciamento. É fundamental resolver de forma permanente, não só
pelo risco de contágio, mas pela melhoria das condições gerais de
trabalho. Há um reconhecimento muito positivo da iniciativa de apoio
psicológico e orientações gerais desenvolvida pela DAS e que podem
transformar-se em suporte permanente. De mesmo modo, compete ao
SINDTAE também compreender e adaptar-se, estabelecendo um
monitoramento sindical mais intenso e disponibilizando canais
virtuais de comunicação permanentes. Fundamental atentar-se que o
trabalho remoto aparece como possibilidade permanente. Em situação
de normalidade laboral, com recursos adequados, pode significar
aumento de produtividade e economia de recursos. Adotado
emergencialmente e sem estrutura adequada também pode significar
fontes novas de estresse, possibilidades de adoecimento e dificuldade
na gestão do tempo e pela limitação de sociabilidade.
5. Conclusão
Os
resultados da pesquisa são extremamente significativos de como a
categoria tem vislumbrado a realidade que tem sido vivenciada por
todos, e de quão conscientes estão os TAEs da UFFS com relação à
gravidade da pandemia e da necessidade de seu enfrentamento amparado
em evidências embasadas com o devido rigor científico. A
complexidade da conjuntura traz dificuldades em podermos sintetizar
correta e devidamente a situação, mas da mesma forma cabe uma
tentativa desse exercício, o qual tentaremos executar a seguir.
A
principal conclusão que se obtém da análise dos resultados é o
que podemos considerar como simples diante da complexidade do atual
cenário: a categoria dos TAEs da UFFS entende que antes de um
retorno das aulas presenciais, não existe necessidade de retorno
presencial às atividades administrativas. Conforme exaustivamente
exposto neste relatório, não
é possível identificar razoabilidade ou motivação válida para a
presencialidade das atividades dos TAEs enquanto não houver um
retorno dos docentes e alunos nos campi,
pois são movimentos que se interligam entre si.
Portanto, sem a presença de alunos e docentes atuando nos campi, se
perde completamente a necessidade de colocarmos em risco os TAEs.
Considerando
que há estudos demonstrando que para muitos têm ocorrido algumas
dificuldades cognitivas para analisar a realidade, temos que repetir
como forma de reforço e esclarecimento, para não deixar dúvida
alguma: não
há necessidade de os TAEs da UFFS retornarem as atividades nos campi
sem que estudantes e professores estejam tendo aulas presenciais.
Diante
dessa constatação, a qual podemos inferir até como óbvia,
desvelam-se dois cenários: o Trabalho Remoto e as condições
mínimas necessárias para um eventual retorno às atividades
administrativas em consonância ao retorno das aulas presenciais. Da
pesquisa, é possível retirar duas conclusões principais com
relação ao desempenho das atividades administrativas de forma
remota: a categoria tem conseguido desenvolver, com qualidade, o
devido atendimento das demandas existentes, e é possível aprimorar
ainda mais o trabalho remoto a partir da adequação de algumas
questões de ordem de recursos materiais e humanos.
Conforme
descrito na análise dos dados gerados pelas respostas, a categoria
tem muito a contribuir nesses encaminhamentos, de modo a dar conta
dos principais pontos destacados pelos colegas no item 4.1
Efeitos do Trabalho Remoto.
Sem dúvidas, aqueles que vivenciam cotidianamente as consequências
do trabalho remoto tem um respaldo significativo para apresentar
formas de encaminhamento que melhorem o desempenho das atividades, e
ainda garantindo a qualidade de vida e segurança dos servidores. E
são muitas as medidas possíveis de serem adotadas, como se observa
a partir do apresentado neste relatório. Há de se reforçar que a
modalidade do Trabalho Remoto parece se demonstrar necessária por um
tempo maior do que previsto inicialmente, portanto cabe reforçar sua
manutenção a partir dos devidos ajustes que forem indicados para
seu desenvolvimento.
Já
para o retorno presencial das atividades administrativas, sempre
vinculado ao retorno das aulas nos campi,
se faz imprescindível que a categoria seja escutada e atendida na
apresentação das demandas descritas como minimamente necessárias
para um retorno seguro. Seja em relação a materiais ou a atitudes,
com a realização desta pesquisa, foi possível perceber que os TAEs
podem indicar medidas específicas que são mais profundas do que
aquelas que porventura possam ser instituídas na UFFS como um todo.
Um exemplo claro é o tratamento necessário para o atendimento das
bibliotecas, o qual pode não ser abordado em um protocolo de
biossegurança da instituição, mas é extremamente necessário para
a segurança de todos que passem pelos setores, sejam servidores,
estudantes ou terceirizados. Ou seja, são movimentos concomitantes:
a adoção de protocolos gerais de biossegurança, mas também de
alguns mais específicos conforme as peculiaridades de cada setor.
Portanto,
de forma sintética, poderíamos concluir o seguinte: na sociedade em
geral há precariedade de ações que estimulem o distanciamento
social mais rígido e o decorrente declínio da curva de contágios,
situação que aponta para o prolongamento do período necessário para o
retorno seguro das atividades presenciais. Diante desse cenário
somente o Trabalho Remoto, com suas necessárias adequações, se
demonstra minimamente seguro, pois um retorno às atividades
presenciais da UFFS impactam consideravelmente nos índices de
isolamento social.
Fica
claro que os riscos sempre estarão presentes com um retorno às
atividades presenciais, devendo ser evitado ao máximo. Isso
independentemente do uso de EPIs e demais protocolos, tendo em vista
o tempo de exposição e demais fatores não há garantia de que não
haja contaminação. Portanto enquanto não houver disponibilidade de
tratamentos consolidados ou vacinação para todos, ou mesmo que
existissem meios confiáveis de rastreabilidade de contatos não é
indicado o retorno.
Por
fim, como universidade com um projeto pedagógico oriundo da
comunidade, a UFFS tem o dever de gerar protocolos de biossegurança
que sirvam como referência para a região em que está inserida. E,
enquanto entidade representativa dos técnicos que atuam nessa
instituição, cabe ao SINDTAE também se adequar a essas novas
realidades e seus desafios daí decorrentes. De tal feita, a
executiva se compromete a buscar novas formas de atuação, estando
aberta a
toda
contribuição que os colegas quiserem apresentar, reforçando o
movimento de união da categoria para o enfrentamento desse momento
inédito e desafiador para todos.
A
luta por uma sociedade mais justa se tornou ainda mais importante, e
somente pensando nos fatores e ações direcionadas para o coletivo,
abrangendo a maior parte possível da categoria é que conseguiremos
avançar.
SI